FNLIJ se posiciona em defesa do livro didático impresso
Já expressamos que nossa concepção sobre a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ – é de uma instituição que tem consciência de sua natureza e de seus fins prioritários, dedicada ao livro infantil e juvenil, mas deve abrir a sua atuação a outras áreas, buscando sua sustentabilidade e a garantia de uma plena realização de seus fins.
Neste sentido, a Fundação que tem na sua criação o apoio de editores e de importantes instituições, Câmara Brasileira do Livro, Associação Brasileira do Livro, Sindicato Nacional dos Editores do Editores de Livros, Associação Brasileira de Educação, Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado do Rio de Janeiro, União Brasileira de Escritores e do extinto Centro de Bibliotecnia – todas ligadas a uma das áreas mais relevantes da economia brasileira – EDITORAS – quer se posicionar sobre a decisão do Governo do Estado de São Paulo, que rejeita os recursos do PNLD , fazendo opção pelo uso do livro digital.
O livro didático digital, considerado como exclusivo caminho para o processo educacional, representa grave retrocesso, apesar de ser apresentado como solução tecnológica que seria uma iniciativa de avanço rumo ao futuro.
O seu acesso pode ser LIMITADO, pois nem todos os alunos podem usar a tecnologia necessária, quer porque em algumas regiões, em algumas escolas a infraestrutura de tecnologia pode ser defeituosa, o que pode tornar este acesso aos materiais digitais prejudicado, ou, até mesmo, inviabilizado.
Resta, ainda, outra questão muito séria, quando se condiciona o uso dos livros digitais sendo somente acessivel por aparelhos eletronicos como tablets, laptops, que podem existir em número insuficiente para atender ao princípio da equidade de direitos.
Fica evidente que o elevado grau de dependência da tecnologia, pela EXCLUSIVIDADE DOS LIVROS DIGITAIS causarão problemas de impedimento e/ou de limitação de uso, quando ocorrem falhas técnicas, falta de energia ou falhas na internet.
Os Professores ficariam limitados em sua capacidade de utilizar diferentes materiais ou fazer adaptações de conteúdos para atender ás especificidades de cada turma.
Os Alunos ficariam limitados na sua relação com o livro, pois não poderiam fazer as anotações de aula, sua reflexões de estudos à margem dos textos, na forma mais permanente e livre que se aplica aos livros físicos.
A opção por livros digitais estabelece uma limitação para escolha dos produtos, porque não há materiais com a variedade que se encontra nos livros físicos disponíveis no mercado.
Os riscos de segurança cibernética existiriam tanto para professores, quanto para alunos, podendo ocorrer grave lesão às normas estabelecidas pela LGPD, em relação à proteção dos dados dos alunos.
Mesmo num estado como São Paulo, destacado por seu desenvolvimento econômico, a questão de manter bateria carregada, aparelhos eletrônicos em funcionamento depende de manutenção de energia elétrica e de conexão por internet, que se apresenta de forma irregular em muitas regiões.
Esta mudança abrupta de livros físicos para livros digitais representará um desafio para dirigentes, coordenadores, professores e alunos, podendo estabelecer mais um problema, que se somará a outros muitos que já estão no universo de desafios.
Por fim, mas não menos importante, destacamos que o livro físico, tanto seja didático ou literário, permite uma experiência tátil que é muito mais envolvente e imersiva, dando aos alunos a oportunidade de lidar com o livro com a paixão que não pode ser substituída pelo material digital, valoriza o pertencimento do objeto-livro por seu valor simbólico da cultura escrita sendo em muitos casos, ainda, um dos poucos materiais impressos no contexto cultural da maioria das famílias.
Mas existem outras questões que precisam ser consideradas, como a de natureza econômica – pelo prejuízo causado às empresas do ramo atendido pelas editoras, pelos distribuidores e pelas gráficas -, as de natureza social – afetando trabalhadores, desde autores dos livros até os distribuidores.
Sem pretender esgotar o tema, objetiva esse texto alinhar a FUNDAÇÃO NACIONAL DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL em defesa do livro didático impresso.
Julio Cesar da Silva
Presidente